Passeio pelas profundezas de cidade subterrânea na Capadócia

Não sei se já aconteceu isso com vocês, mas comigo rolou pela primeira vez, na Capadócia: descobri, dentro da van da excursão, que os guias estavam me levando para fazer passeios que não eram os que eu tinha pago. E depois de uns minutos de hesitação, resolvi que, já que já estava a caminho dos meus destinos-surpresa, ia fazer passeios diferentes dos inicialmente programados.

Explico: quando eu contratei um pacote de dois dias de passeios na Capadócia, eu paguei para fazer esses passeios relatados aqui no primeiro dia. E, no segundo dia, depois de passearmos de balão, a agência nos pegaria no hotel para ir ao  vale rochoso de Kizil Çukur (há quem escreva essa palavra como Kizilcuckur); à igreja de São João, na vila de Cavusin; e à atração mais esperada, a cidade subterrânea de Kaymakli. Ou seja, faríamos o tour amarelo (veja sobre os tours oferecidos na Capadócia aqui).

Mas depois que entramos na van, e que o motorista já estava dirigindo há uns 10 minutos, a guia listou os passeios que íamos fazer. E, para minha surpresa, eram diferentes! Mas como vi que visitaríamos uma cidade subterrânea (não Kaymakli, mas outra, Derinkuyu), resolvi que ficaríamos naquele grupo mesmo e evitaríamos confusão. Afinal, o que eu queria mesmo era entrar nas profundezas de uma cidade subterrânea da Capadócia!

Partimos de Urgup para a cidade subterrânea de Derinkuyu, mas como era sábado, ela estava super lotada de turistas, principalmente turcos. A guia decidiu que para não esperarmos horas na fila, inverteríamos a ordem dos passeios.

Seguimos para o Vale de Ihlara, onde fizemos uma trilha fácil e plana margeando o rio Melendiz, num cânion. Para chegar ao início da trilha, tivemos que descer uma escadaria enorme, mas depois foi bem fácil. A trilha é super tranquila e agradável. Dá para fazer com crianças até. No caminho, vimos várias rochas que eram usadas como esconderijo de cristãos e uma igreja dentro da pedra.

Esconderijo em rochas no Vale de Ihlara. Foto: Marcelle Ribeiro.

Andamos apenas por parte do vale, num total de 4 km, até a Vila de Belisirma. Lá, almoçamos num restaurante simples à beira do rio. A comida estava ok, nada demais.

Visita a monastério

Depois, seguimos para o monastério de Selime, que foi construído encravado em rochas no alto de uma montanha de pedras. Entramos no monastério sem muito esforço, mas não indico para pessoas idosas. É interessante, mas parecido com outras construções em rochas que havíamos visto no dia anterior. Aliás, aqui vai uma observação/crítica: a Capadócia é muito interessante, mas percebi que algumas atrações são muito parecidas umas com as outras. Vira e mexe você vê casas, esconderijos e igrejas construídas dentro de rochas e vales rochosos. Na primeira vez que você vê, é interessante, mas depois, pode ficar meio repetitivo.

Monastério de Selime. Foto: Marcelle Ribeiro.

Do monastério de Selime, partimos para a cidade subterrânea de Derinkuyu, que agora estava bem mais vazia. O local servia de esconderijo para cristãos perseguidos por inimigos entre os séculos 5 d.C e 10 d.C. Eles ficavam lá por até dois meses, até que a tranquilidade voltasse a reinar do lado de fora. Derinkuyu tem 85 metros de profundidade (isso mesmo, para baixo da terra!) e oito andares subterrâneos.

Ir para lá sem um guia para explicar como funcionava o lugar não vale a pena. É que não há tanto o que ver: são túneis estreitos, salas de terra e canais de ventilação, sem muitos atrativos. Mas eu adorei a experiência de estar nas profundezas da terra e saber que séculos atrás as pessoas conseguiam passar tanto tempo em situações adversas. Vimos túneis que os cristãos construíam para permitir a entrada de ar, e outros usados para pegar água do subsolo. Até uma igreja subterrânea tinha lá, com direito a local para batismo e tudo.

Poço de água dentro da cidade subterrânea. Foto: Marcelle Ribeiro.

Lá dentro é frio, leve casaco. E obviamente, quem tem medo de lugares fechados, não deve ir. Passamos cerca de uma hora dentro de Derinkuyu, que passou rapidinho.

Um dos poucos salões amplos da cidade subterrânea. Foto: Sabrina Andrade.

Leia também:

 

Marcelle Ribeiro: Jornalista, baiana, mas há mais de 20 anos moradora do Rio de Janeiro. Nos seus 40 anos de vida, já viajou sozinha e acompanhada. Casada, tutora do cão mais fofo do mundo e viciada em pesquisar novos destinos.

Veja os comentários. (1)